Sutta Nipata IV.4
Suddhatthaka Sutta
Pureza
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“’Eu vejo
alguém que é puro, nobre e saudável; a purificação de uma pessoa surge daquilo
que ela vê’ – assim, tendo essa opinião e acreditando que essa idéia é a
melhor, ele considera que o conhecimento consiste em ver alguém que é puro.[1]
Mas se através daquilo que é visto alguém pudesse ser purificado ou por
meio desse conhecimento o sofrimento ser abandonado, então, aquele que ainda
tem apegos poderia ser purificado por outro. No entanto, essa é a mera opinião
daqueles que assim afirmam.
Nenhum
brâmane [2] diz que alguém pode ser purificado
por outro, nem por aquilo que é visto, ouvido ou sentido, tampouco através de
preceitos e práticas. Ele (o verdadeiro brâmane) não é maculado pelo mérito ou
pelo demérito, ele não mais se envolve na geração de kamma e abandona aquilo
que havia abraçado, ele abandona o eu.
Aqueles que
abandonam uma coisa para se agarrar a outra, [3] dominados
pelo desejo eles não superam o apego. Eles soltam e agarram, igual a um macaco
que solta de um galho para se agarrar a outro.
Uma pessoa,
tendo adotado certas práticas, aprisionada aos sentidos, passa de estados
superiores aos inferiores. Mas aquele que é sábio, tendo buscado e compreendido
o Dhamma através do conhecimento direto, não passa dos estados superiores aos
inferiores.
Ele está
livre de inimigos [4] com relação a todas as
coisas vistas, ouvidas ou sentidas. Por quem, como, poderia ele ser
classificado no mundo? Alguém que viu com clareza, como as coisas na verdade são,
e que tem a conduta aberta? [5]
Eles nem formulam e tampouco propõem teorias. Eles não dizem - ‘esta é a pureza suprema.’ Desatando o nó
do apego, eles não criam desejo por nada em absoluto no mundo.
O brâmane
que foi além das limitações, [6] não tem apego
pelo conhecimento ou visão. Ele não está apegado ao apego nem está apegado ao
desapego. [7] Neste mundo não há nada que ele
tenha agarrado como supremo.
Notas:
[1] Uma crença hindu antiga, que remonta aos Vedas, que a visão de certas
coisas ou seres considerados santos é capaz de purificar ou trazer a bênção
desejada. [Retorna]
[2] “Brâmane” neste caso é uma pessoa que se tornou um arahant. [Retorna]
[3] Nd.I: Abandonando um mestre em busca de outro; abandonando um ensinamento em busca de outro. A frase também pode se referir à tendência da mente de abandonar um desejo e partir para outro. [Retorna]
[4] Nd.I: Os inimigos neste caso são os exércitos de Mara – todas as qualidades mentais inábeis. Uma relação detalhada dos exércitos de Mara pode ser encontrada no Snp III.2. [Retorna]
[5] Nd.I: “Aberta” significa uma mente não encoberta ou oculta pelo desejo, contaminações ou ignorância. Uma interpretação alternativa seria ter os olhos abertos. [Retorna]
[6] Nd.I: “Limitações” = os dez grilhões (samyojana) e sete obssessões
(anusaya). [Retorna]
[7] Nd.I: “Apego” = aos prazeres dos sentidos, “desapego” = os jhanas
que trazem o desapego dos prazeres dos sentidos.[Retorna]
Veja também: MN 24.
Revisado: 14 Outubro 2006
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