Sutta Nipata V.4
Mettagu-manava-puccha
As Perguntas de Mettagu
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Venerável
Mettagu: “Eu pergunto ao Abençoado, por favor me responda. Eu o considero um
mestre no conhecimento e um ser perfeito. De onde surgem essas variadas formas
de sofrimento evidentes no mundo?”
Buda:
“Você me pergunta a origem do sofrimento. Mettagu, eu responderei tal como foi
discernido por mim. Essas variadas formas de sofrimento evidentes no mundo
provêm dos apegos mundanos. [1] Qualquer um
que pela ignorância cria um apego, essa pessoa tola enfrenta o sofrimento
repetidas vezes. Por conseguinte aquele que compreende não deve criar apegos,
vendo-os como a fonte do sofrimento.”
Mettagu:
“Aquilo que perguntei você explicou, agora faço outra pergunta. Por favor
diga-me: como o sábio cruza a torrente, o nascimento, envelhecimento, tristeza
e angústia? Por favor, Oh sábio, explique-me esse Dhamma que foi compreendido
por você.” [2]
Buda: “Eu lhe ensinarei o Dhamma, Mettagu, um ensinamento para ser
conhecido diretamente, [3] não algo baseado em
relatos de terceiros, que compreendido e vivido com atenção plena, fará com que
você supere os enredos do mundo.”
Mettagu:
“Eu me alegro ao pensar nesse supremo Dhamma, grande sábio, que sendo
compreendido e vivido com atenção plena, fará com que eu supere os enredos do
mundo.”
Buda: “Em
todas as direções há coisas que você conhece e reconhece, acima, abaixo e no
meio. [4] Deixe isso de lado: livre-se das
atitudes habituais[5], não se delicie com
isso. Não permita que a consciência se estabeleça no ser/existir. [6]
Vivendo assim, com atenção plena e plena consciência, um bhikkhu
que abandonou os apegos poderá, com a completa compreensão, abandonar o
sofrimento, nascimento e envelhecimento, tristeza e angústia, mesmo aqui nesta
vida.”
Mettagu:
“Eu me alegro com as palavras do grande sábio. Bem explicado, Oh Gotama, é o
estado do desapego.[7] O Abençoado com certeza
abandonou o sofrimento ao realizar este Dhamma. Eles com certeza abandonarão o
sofrimento ao serem constantemente admoestados por você, Oh Sábio. Tendo compreendido,
eu o venero, Oh Nobre. Que o Abençoado possa constantemente admoestar-me
também.”
Buda:
“Qualquer um que você reconheça como um verdadeiro brâmane, um mestre no
conhecimento, que não possua nada, desapegado dos prazeres sensuais e do ser/existir,
ele com certeza cruzou esta torrente. Tendo cruzado para a outra margem ele
está imaculado e livre da dúvida. Quem descartou esse apego que conduz a uma
renovada existência é alguém que realizou o supremo conhecimento. Livre do
desejo, tranqüilo, ele superou o nascimento e o envelhecimento, eu digo.”
Notas:
[1] Os apegos, (upadhi), que também pode ser interpretado como
“aquisições”, denota no seu sentido mais corriqueiro as posses, bagagem, e a parafernália
restante que uma família nômade carrega em suas perambulações, No nível
psicológico, denota tudo aquilo pelo qual alguém possa ter uma noção de “eu” ou
“meu” e que como conseqüência carrega consigo como uma espécie de bagagem
mental. [Retorna]
[2] A palavra “vidito”, compreendido, também significa,
encontrado, descoberto. [Retorna]
[3] Ditthe dhamme:
para ser visto por si mesmo nesta vida ou aqui e agora. É uma expressão
empregada para Nibbana. [Retorna]
[4] Nd.II oferece seis distintas válidas interpretações para “acima,
abaixo e no meio”:
- acima = o futuro; abaixo = o passado; e no meio = o presente
- acima = o plano dos devas; abaixo = o inferno; e no meio = o plano
humano
- acima = habilidade; abaixo = inabilidade; e no meio = qualidades mentais
indeterminadas
- acima = a propriedade imaterial; abaixo = a propriedade da sensualidade;
e no meio = a propriedade forma
- acima = sensações de prazer; abaixo = sensações de dor; e no meio =
sensações de nem prazer, nem dor
- acima = o corpo dos pés para cima; abaixo = o corpo da coroa na cabeça
para baixo; e no meio = o meio do corpo. [Retorna]
[5] Ou “idéias fixas.” [Retorna]
[6] Ou produzir kamma. [Retorna]
[7] Nibbana. [Retorna]
Revisado: 13 Maio 2006
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